Dia Mundial do Cancro. SPLS anuncia criação do Grupo de Trabalho de Literacia em Saúde e Cancro

Data Evento

4 de Fevereiro, 2025    
Todo o dia

Dia Mundial do Cancro. SPLS anuncia criação do Grupo de Trabalho de Literacia em Saúde e Cancro

No âmbito das celebrações do Dia Mundial do Cancro, a 4 de fevereiro de 2025, a Sociedade Portuguesa de Literacia em Saúde (SPLS) tem o prazer de anunciar a criação do Grupo de Trabalho de Literacia em Saúde e Cancro. Este grupo será liderado pela Professora Zacharoula Sidiropoulou, médica cirurgiã, e pelo Dr. Vasco Fonseca, médico oncologista.

O principal objetivo deste grupo é promover a investigação-ação nas áreas da literacia em saúde e oncologia, focando-se nas dimensões de acesso, compreensão e utilização dos recursos disponíveis nos cuidados de saúde, prevenção de doenças e promoção da saúde. A SPLS acredita que, através deste esforço, será possível melhorar a navegação no sistema de saúde e capacitar os cidadãos para tomarem decisões informadas sobre a sua saúde.

 

O grupo de conselheiros da SPLS tem estado ativamente envolvido em diversos projetos e, para esta iniciativa, foram convidadas e aderiram de imediato as seguintes associações:

  • Europacolon: Representada pelo Eng. Vítor Neves.
  • Evita: Representada por Tâmara Hussong Milagre.
  • MOG (Movimento Cancro do Ovário e outros Cancros Ginecológicos): Representada por Cláudia Fraga.
  • Unidas para Vencer: Representada pela Enf. Maria do Céu Oliveira Martins.

Estas parcerias reforçam o compromisso conjunto na promoção da literacia em saúde e no combate ao cancro.

Além disso, destacamos a participação da SPLS em projetos internacionais, como o Bumper e o National Cancer Hub, iniciativas que visam fortalecer a colaboração e partilha de conhecimento na área da oncologia.

A SPLS reafirma o seu compromisso em promover a literacia em saúde e convida todos os interessados a acompanhar as nossas iniciativas e a participar ativamente nesta causa.

 


Comissão científica

 


Testemunhos

João Breda, Special Adviser for WHO/Europe Regional Director

Cancer continues to be a major public health challenge, requiring a comprehensive and integrated approach that prioritizes prevention, early detection, and access to high-quality care.

And what do we need to do in order to tackle this public health challenge?
During my participation in a roundtable discussion focusing on “Developing a Healthcare System that Ensures Quality Services” at the Annual Conference of the Hellenic Cancer Federation | ELLOK, I had the opportunity to outline the key areas of focus:

Prevention: Tackling key risk factors such as tobacco use, harmful alcohol consumption, and the rising prevalence of obesity through evidence-based interventions and public health initiatives.

Screening & early detection: Advancing equitable and evidence-based screening programs for breast, cervical, and colorectal cancer, ensuring timely detection and improved health outcomes for all.

Quality of care: Ensuring safe, effective, and patient-centered cancer care, with a strong emphasis on palliative care, pain management, and the integration of mental health support to enhance overall well-being.

Mental health support: Emphasizing the importance of including mental health services as an essential component of cancer care to improve patient outcomes and quality of life.

Ensuring quality in healthcare is not just a policy goal. It is a collective responsibility. Our WHO Office on Quality of Care and Patient Safety remains committed to supporting Greece in implementing evidence-based strategies for cancer care and overall health outcomes.

I would like to express my sincere gratitude to the organizers for their continued commitment to this vital annual event, and we are deeply honored to have been among distinguished guests, including the Alternate Minister of Health, Dr Irene Agapidaki.

 

Gareth Presch, CEO da World Health Innovation Summit

In 2022 alone, 20 million new cancer cases were diagnosed, and 9.7 million people worldwide lost their lives to the disease. By 2050, global cancer cases are projected to reach a staggering 35 million.

Each year, an estimated 400,000 children and adolescents (0-19 years) develop cancer. The most common types include leukaemias, brain cancers, lymphomas, and solid tumours such as neuroblastoma and Wilms tumours.

In high-income countries, over 80% of children with cancer survive. But in low- and middle-income countries (LMICs), survival rates drop to below 30% due to lack of diagnosis, delayed treatment, and limited access to essential medicines. Right now, only 29% of low-income countries have access to essential cancer medicines—compared to 96% in high-income countries.

Childhood cancer cannot generally be prevented or detected through screening, but most cases can be cured with the right treatment—including chemotherapy, surgery, and radiotherapy. Investing in research, equitable healthcare access, and robust data systems is critical to improving survival rates worldwide.

On a personal note, in 2016, my daughter Mia (aged 3) was diagnosed with a Wilms Tumour (Kidney Cancer). Mia bravely underwent 16 rounds of chemotherapy and surgery to remove her tumour. Today, she is 12 years old, thriving, and full of life. We are forever grateful for the incredible care we received from The Newcastle Upon Tyne Hospitals NHS Foundation Trust (RVI) Children’s Cancer North and for the support from our friends and family.

No-one should have to fight cancer alone. We must continue to raise awareness, invest in research, and ensure everyone, no matter where they live, has access to life-saving treatment.

For everyone affected by cancer, this is a stark reminder of the growing urgency for stronger prevention and treatment strategies.

 

Mariana Fonseca, Vice-Presidente da SPLS

A fisioterapia desempenha um papel crucial na recuperação pós-cancro, ao ajudar na gestão dos efeitos colaterais dos tratamentos a que a pessoa com cancro é submetida.

Como é que a fisioterapia ajuda?

– Alívio da dor: A fisioterapia pode ajudar na gestão da dor crónica. Estratégias como a terapia manual e terapia pelo movimento devem ser utilizadas para educar o paciente no sentido do alívio da dor e desconforto, ao conferir-lhe melhor função para realizar as suas tarefas de forma independente, segura e autónoma.

– Recuperação da força e da mobilidade: O cancro poderá estar relacionado com uma maior fraqueza muscular, fadiga e dificuldade em realizar movimento. A fisioterapia pode ajudar ao restaurar a força muscular, a amplitude de movimento das articulações e treinar a tolerância ao esforço físico da pessoa com cancro.

– Redução do linfedema: O linfedema, um inchaço causado pela retenção de linfa num local do corpo, é um efeito adverso pós-tratamento do cancro, especialmente no cancro da mama. A fisioterapia pode ajudar a gerir este linfedema através do tratamento físico do edema, com técnicas como a drenagem linfática manual e prescrição de exercícios específicos.

– Aumento da qualidade de vida: Por tentar atenuar alguns dos efeitos colaterais pós-cancro, a fisioterapia pode melhorar significativamente a qualidade de vida da pessoa com cancro.

De realçar que:

– O tipo, a frequência e a intensidade das sessões de fisioterapia devem ser adaptadas à pessoa com cancro. Devemos também considerar o estadio do cancro, assim como, a fase do tratamento recebido até então. Contudo, torna-se imprescindível escutar com atenção e empatia, as necessidades específicas da pessoa com cancro naquele momento, para adequar o nosso comportamento e intervenção enquanto profissionais de saúde.

– É fundamental trabalhar em colaboração com toda a equipa médica e família/amigos da pessoa com cancro,  através de uma comunicação assertiva, clara e positiva – Modelo ACP.

Eliana Rocha, Fundadora do Clips do Coração, Mestre em Enfermagem, Enfermeira Especialista em Saúde Infantil e Pediátrica, Especialista em Literacia em Saúde.

Enf. Eliana Rocha

Iniciava-se o mês de março de 2022, estava numa fase muito boa da minha vida e foi-me diagnosticado um Linfoma de Burkitt. Foi-me dito que era um linfoma, um cancro no sangue, muito agressivo, porque cresce rapidamente, mas que com tratamento intensivo de quimioterapia, a taxa de cura era alta. E foi só isso que ficou na minha cabeça “tenho um linfoma, mas tem cura”. O linfoma apareceu sem aviso prévio e, de um momento para o outro, a minha vida deu uma enorme volta. Num momento, estava a comemorar o aniversário do meu filho mais velho, junto da minha família e, no outro, estava “fechada” dentro de um hospital, rodeada de sofrimento e de caras preocupadas.

Sou enfermeira e por isso o ambiente hospitalar não era novidade, mas o facto de estar doente, vulnerável e perante a minha própria morte, era. Eu sempre cuidei dos outros e agora era eu que precisava de ser cuidada.

Foram 7 meses de tratamentos de quimioterapia intensos e de internamentos constantes. No final do 2º ciclo fui confrontada de frente com a finitude da minha vida e pela primeira vez vi a morte como algo muito próximo, mas resolvi que não era o momento de me entregar a esse destino e que tinha de fazer o meu melhor para ultrapassar mais este desafio. E a minha jornada por esta doença, esta minha nova realidade, continuou.

Para além da medicação, usei algumas estratégias que me ajudaram a lidar com tudo o que me estava a acontecer: visualizei-me curada; a oração e a fé; o amor da família e dos amigos; utilizei estratégias não farmacológicas para a dor física: meditação, respiração (cheirar e soprar a vela) e visualização (botão regulador da dor); sorri; abracei; chorei; ri; tive o foco na cura e em mim; senti a natureza (nas minhas curtas saídas do hospital fui sempre ver e ouvir o mar); nunca  questionei (até hoje) “porquê eu?”, mas sim “vou fazer o meu melhor para ficar curada”; escrevi um diário só meu, mas também um diário nas redes sociais em forma de história – a história da princesa Eli.

A doença entrou em remissão. Mas apesar de muito grata pela oportunidade de viver, o processo não acabou, e voltar à realidade (aquela que nunca será a mesma) tornou-se um enorme desafio.  Continuaram a existir muitas dores físicas e perdas de memória (dizem que são efeitos da quimioterapia), as dores emocionais relacionadas com constantes perdas e lutos de pessoas que fui conhecendo, entre tantas outras. 

Passado 1 ano e meio do início do cancro, foi-me diagnosticado um stress pós-traumático e rodei-me de profissionais que me continuam a ajudar a ir superando a dura “prova” a que fui submetida.

Consegui delinear objetivos e construi um projeto de vida, baseada naquilo que encontrei como o meu grande propósito: ajudar os outras a gerirem as suas emoções, o seu stress e ansiedade, ao longo do ciclo de vida. Despedi-me do hospital onde trabalhei quase 20 anos e idealizei, projetei e concretizei o meu projeto de saúde e bem-estar, que une as minhas 3 grandes paixões: a enfermagem, a literacia em saúde e as crianças/famílias – o Clips do Coração: porque somos aquilo que guardamos em nós, e o que quero é que todos guardemos coisas boas, para que o futuro possa ser mais saudável e feliz!

Apesar do cancro não ser uma realidade fácil de enfrentar, consegui encontrar ao longo do caminho muitas pessoas e coisas boas que permanecem na minha vida e perspetivar o futuro mais de acordo com a minha essência. 

Quase a fazer 3 anos do início de toda esta aventura, posso dizer que SOU MUITO FELIZ!


Presidente da SPLS participa no projeto PANORAMA

Já conhece o projeto PANORAMA?
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O PANORAMA é um programa de promoção do conhecimento multidisciplinar em oncologia, uma iniciativa que junta várias entidades representativas de profissionais de saúde, pessoas com doença oncológica e cuidadores, organizada pela Associação de Enfermagem Oncológica Portuguesa (AEOP).
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Participe na discussão sobre a jornada da pessoa com doença oncológica, desde o primeiro contacto com os cuidados de saúde primários, à sua passagem pelos cuidados hospitalares e ao seu regresso novamente ao médico e enfermeiro de família.
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A primeira edição, sobre Cancro da Mama, será transmitida em direto no dia 15 de fevereiro de 2025. O evento contará com a participação da Sociedade Portuguesa de Literacia em Saúde, representada pela sua presidente, Prof.ª Dr.ª Cristina Vaz de Almeida, pelo Dr. Vasco Fonseca e pela Prof.ª Zacharoula Sidiropoulou, que abordarão o tema “Capacitação da população para a prevenção da doença e adoção de estilos de vida saudáveis”.
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Registe-se já e acompanhe todas as novidades em  panorama.secretariado.pt


Guia de Recursos Oncológicos

No âmbito dos materiais produzidos pelo grupo, salientamos o “Guia de Recursos Oncológicos”, uma ferramenta essencial para pacientes e profissionais de saúde, disponível aqui.


“Do Passo ao Abraço”

Adicionalmente, promovemos intervenções comunitárias como o projeto “Do Passo ao Abraço”, que visa sensibilizar e educar a comunidade sobre a importância da prevenção e deteção precoce do cancro. Pode conhecer o projeto aqui.


Projeto Bumper

A Sociedade Portuguesa de Literacia em Saúde (SPLS) dá a conhecer o projeto europeu BUMPER, uma das iniciativas emblemáticas do Plano Europeu de Combate ao Cancro. Este projeto visa o desenvolvimento de uma aplicação móvel da União Europeia para a prevenção do cancro, abordando todo o percurso da doença, desde a prevenção até ao tratamento e cuidados de suporte.