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Dia Mundial da Pneumonia
Por Professor José Mendes Nunes, sócio SPLS
O primeiro Dia Mundial da Pneumonia foi celebrado a 2 de novembro de 2009 por iniciativa da Global Coalition Against Child Pneumonia. Esta organização tem o objetivo de procurar aumentar a consciencialização dos estados, das instituições e das populações para a primeira causa de morte nas crianças com menos de 5 anos de idade – a pneumonia. Anualmente, 155 milhões de crianças são afetadas por esta infeção, das quais 1,6 milhões não sobrevivem. A grande maioria destas mortes ocorre em países em desenvolvimento, contudo, é uma doença evitável através do aleitamento materno em exclusivo, aplicação de vacinas como a Hib (contra o Haemophilus influenzae, tipo B) e a conjugada pneumocócica (contra o pneumococo), tratamento atempado e adequado dos casos de pneumonia, treino do pessoal de saúde para a diagnosticar e, finalmente, ter acesso a antibióticos adequados. A OMS e a UNICEF calculam que estas intervenções podem prevenir a morte de 1 milhão de crianças por ano. A pneumonia na criança não tem estado na agenda dos media, por isso, a “Global Coalition” criou este dia para reforçar a necessidade de promover a luta global e, assim, salvar as crianças deste sofrimento evitável. A partir de 2010 o Dia Mundial da Pneumonia passou a ser celebrado a 12 de novembro.
Para este ano o tema é: Lutar para Parar a Pneumonia (Championing the fight to stop pneumonia).
A pneumonia é uma infeção aguda dos pulmões causada por vírus ou bactérias. Por exemplo, o vírus SARS-2Cov ao infetar os pulmões pode causar diretamente danos no tecido pulmonar pela inflamação que resulta da reação do sistema imunológico gerando lesões pulmonares e debilita os sistemas de defesa e propiciando a sobre-infeção bacteriana com o consequente cortejo de complicações. Felizmente a forma mais comum da pneumonia é a da comunidade, que pode e deve ser tratada em ambulatório sem necessidade de cuidados hospitalares. Estes devem ser reservados para as formas mais graves e que exijam tecnologia intensiva. Note-se que o recurso aos cuidados hospitalares de modo desnecessário coloca o paciente em risco de ser infetado por bactérias, muitas delas multirresistentes, mais frequentes em ambientes hospitalares. Os sintomas devem-se ao inchaço das vias aéreas que provoca irritação, manifestada por tosse, e os alvéolos (pequenos sacos onde se dá a troca do oxigénio) ficam cheios de muco e outros fluidos que se manifestam por expectoração. Aos sintomas de tosse e expectoração, adicionam-se a febre e a dificuldade em respirar pelo estreitamento das vias respiratórias causado pela reação inflamatória dos brônquios. Outros sintomas que podem indiciar uma pneumonia são: espirros, dores de cabeça, cansaço e arrepios. No caso da pneumonia bacteriana há indicação para o uso de antibióticos, mas na viral além de ser inútil, pode ser contraproducente e contribuir para criar bactérias multirresistentes. Frequentemente, as pessoas ficam muito assustadas pela persistência, isolada, da tosse e recorrem a terapêuticas sem valor ou mesmo exigindo antibióticos porque a tosse persiste. Ora, a tosse é um sinal de irritação que surge sempre que há lesão e reconstituição do epitélio (equivalente a pele) brônquico e, tal como na pele é preciso tempo para a pele se reconstituir, também a reconstituição do epitélio brônquico precisa de tempo para se recompor e, isso, em média demora 28 dias. A natureza tem o seu tempo, o importante é nos abstermos de fazer qualquer coisa que se oponha à sua força curadora (vis medicatrix).
Finalmente, um apelo à vacinação quer para prevenir a pneumonia quer para reduzir a sua gravidade se, apesar da vacina, ela for contraída. A vacina não evita que uma pessoa entre em contacto com o agente infecioso, o que ela faz é preparar o organismo para se defender se entrar em contacto com o vírus ou a bactéria.
Para evitar o contacto com o agente infecioso é importante manter comportamentos que o evitam, como é a lavagem frequente das mãos, arejamento do ambiente e uso de máscara sempre que estiver em ambiente e situação de risco.