Dia Mundial da Hepatite
Por José Mendes Nunes, sócio da SPLS
Em 2010 a Organização Mundial da Saúde (OMS) instituiu o Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais para ser observado no dia 28 de julho de cada ano. Desde 2015 que Portugal tem uma Estratégia Nacional para as hepatites virais, em paralelo com o Programa Nacional para a Infeção VIH/SIDA.
A Hepatite é a inflamação do fígado cuja causa mais frequente é a infeção por vírus. Dentro das hepatites virais a larga maioria devem-se aos vírus A, B,C, D e E. Dentro destes vírus os mais mortais são os B e C que são responsáveis por cerca de 90% das mortes atribuídas hepatites virais. A hepatite viral crónica pode levar a lesões graves do tecido hepático que se manifestam por cirrose hepática, que não é mais do que o fígado reduzido a tecido cicatricial, cancro do fígado e insuficiência hepática. Depois do Covid-19, a hepatite é a doença viral mais mortal.
Calcula-se que cerca de 350 milhões de pessoas no mundo tenham hepatite crónica B e cerca de 170 milhões hepatite crónica C.
As hepatites A e E são contraídas através da ingestão de água e alimentos contaminados e, muito raramente, por via sexual. As hepatites B, C e D são transmitidas através da troca de fluidos orgânicos: relações sexuais, injeções com uso de material contaminado e, no caso da B, da mãe para o recém-nascido. Assim, o melhor método para prevenir a contaminação pelos vírus B, C e D é em tudo idêntico ao das doenças de transmissão sexual, como é usar preservativos e não partilhar dispositivos de administração parentética (como seringas).
As hepatites A e B são preveníveis através da vacinação. A vacina da hepatite B está incluída no Plano Nacional de Vacinação (PNV) na infância e confere, também, proteção contra a hepatite D. A hepatite A apresenta-se, na maioria dos casos, com sintomas moderados, os pacientes recuperam totalmente e ficam imunes para futuras infeções. A vacina da hepatite A não consta do PNV e para a prevenir é fundamental garantir condições de saneamento básico e combater a pobreza que, geralmente, estão associadas.
Já a hepatite C, embora não tenha vacinação, é tratável com tanto mais êxito quanto mais precoce for o seu diagnóstico.
A OMS, em parceria com os seus parceiros em todo globo, estabeleceu o objetivo de eliminar a hepatite até 2030. É nesta sequência que o Dia Mundial da Hepatite assume particular importância para incentivar a investigação dos diferentes tipos de hepatite, a prevenção, o tratamento e garantir o acesso aos tratamentos. Tudo isto pressupõe que os estados coloquem, como prioridade nas suas agendas, as políticas e o financiamento da luta contra a hepatite e deem voz aos pacientes com hepatite. Nos últimos anos, a OMS reiterando a importância do problema das hepatites, para a observância deste dia escolheu lemas muito significativos, como: “Eliminar a Hepatite” (2019) e “Hepatite não Pode Esperar” (2021) e, para este ano, “Hepatite Não Pode Esperar” (Hepatitis Can’t Wait).
Faça teste de diagnóstico para a vírus de hepatite B e C e vacine-se se não estiver imunizado para B. Ah, não corra riscos, use preservativos, porque as doenças de transmissão sexual estão a aumentar, incluindo a SIDA.