Dia Mundial da DPOC
Pelo Professor José Mendes Nunes, sócio da SPLS
O Dia Mundial da Doença Pulmonar Crónica Obstrutiva (DPOC) é uma iniciativa da Gold Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease (GOLD) em colaboração com os grupos de doentes com DPOC e profissionais de saúde de todo o mundo.
A observância deste dia acontece desde 2002 com o objetivo de sensibilizar o mundo para o elevado impacto da DPOC e dar a conhecer as novas terapêuticas e conhecimentos sobre esta doença. O lema para este ano é “Conheça a Sua Função Pulmonar” (Know Your Lung Function) para apelar aos pacientes conhecerem qual o grau de desempenho da sua função pulmonar através da realização da espirometria. A espirometria é um teste importante para estabelecer o diagnóstico e para avaliar a evolução da DPOC.
O principal contribuinte para a DPOC é o tabaco, mas existem muitos outros fatores que podem, igualmente, causar lesão pulmonar ao longo da vida intrauterina e juventude. Saliento o impacto que a exposição da grávida ao fumo do tabaco pode ter sobre a saúde pulmonar do futuro ser.
Se alguém está à espera de sentir alguma coisa para evitar a exposição a ambientes agressivos, desiluda-se porque quando tiver sintomas já perdeu muito do tecido pulmonar. Segundo a GOLD, a avaliação da função pulmonar com a realização de espirometria deve ser de rotina para qualquer exame periódico de saúde. Contudo, esta é uma recomendação que, se generalizada, deve ser vista com algum ceticismo, sem prejuízo de a considerar em indivíduos com fatores de risco. Contudo, tem o mérito de chamar a atenção para a necessidade de cuidar da saúde respiratória ao longo de toda a vida.
O controlo da DPOC passa pela evicção dos ambientes poluídos e pelo diagnóstico precoce. É fundamental não desvalorizar sintomas como tosse persistente, catarro diário, falta de ar (em particular durante exercício físico) e cansaço persistente a fim de se chegar à deteção tão precoce quanto possível.
Finalmente, após o diagnóstico, o seguimento da terapêutica adequada é imprescindível para preservar a qualidade de vida. Por isso, dos componentes terapêuticos, faz parte a capacitação do paciente de forma que, autonomamente e devidamente empoderado, tenha controlo sobre a sua doença. A pessoa com DPOC é o primeiro elemento da equipa terapêutica, pelo que tem de ser devidamente informada.
Para Portugal, está anunciada uma iniciativa da Associação Portuguesa dos Enfermeiros de Reabilitação, em colaboração com a GOLD, que decorrerá hoje na Assembleia da República.
