
Dia Mundial da Diabetes
Pelo Prof. José Mendes Nunes, sócio da SPLS
Em 1991 a Federação Internacional de Diabetes e a Organização Mundial da Saúde (OMS) constatando o aumento rápido da diabetes, tipo 2, em todo o mundo, decidiram criar o Dia Mundial da Diabetes. A Diabetes mellitus, tipo 1, não é evitável, mas é tratável com o recurso à insulina. Contudo, a Diabetes mellitus, tipo 2 (DMt2), é uma doença não transmissível evitável e tratável que, pelo seu aumento vertiginoso, se comporta como autêntica pandemia provocada pelo homem.
A OMS calcula que 6% da população tem diabetes, o que é 4 vezes mais do que tínhamos há 40 anos. O mais grave é que ela tende a aumentar mais nos países que não tem condições para a tratar, onde 3 em cada 4 vivem e cerca de 50% não estão diagnosticados.
Em 2020 o tema foi: “Enfermeiros Fazem a Diferença Contra a Diabetes” (Diabetes: nurses make the difference). Este lema destaca a importância dos profissionais de enfermagem no controlo desta doença, pelo seu papel como educadores e atividade de suporte das pessoas com diabetes mellitus. Por outro lado, salienta a importância do trabalho em equipa, da qual o médico é um dos elementos. Infelizmente a “falta” de médicos tem servido de desculpa para não se investir em outros profissionais que podem, com maior eficiência, prestar cuidados adequados à população diabética. Claro, que o mesmo se pode aplicar a muitos outros problemas de saúde prevalentes.
Para este ano o lema escolhido é: Diabetes e Bem-estar (Diabetes and well-being), vincando a importância do acesso a cuidados adequados para o proporcionar bem-estar às pessoas com Diabetes mellitus. Por outro lado, este lema salienta o bem–estar como último objetivo no cuidar da pessoa com DMt2 e não tanto controlar marcadores biológicos como níveis de glicemia ou de hemoglobina glicosilada.
O Dia Mundial da Diabetes é representado por um círculo azul que significa a importância de juntarmos as mãos, em união global contra a diabetes.
A preocupação com o controlo da Diabetes dura o ano todo, no entanto, no dia 14 de novembro comemora-se o nascimento de Frederick Banting, o grande responsável pela descoberta da insulina, em 1922, em conjunto com Charles Best e John James Rickard Macleod.
Embora, frequentemente, quando se fala de tratamento da diabetes se pense em primeiro lugar em medicação, deve-se ter a consciência que o seu tratamento, muito particularmente da DMt2, começa pelas medidas higieno-dietéticas que muitas vezes são, só por si, suficientes: maior atenção à alimentação, prática regular de exercício físico e controlo do peso. Outros comportamentos como a ingestão de álcool e o tabagismo são fortes incrementadores do risco de complicações da Diabetes: perturbações da visão (no extremo a cegueira), acidentes cardiovasculares (infarto do miocárdio e trombose), insuficiência renal e oclusões arteriais periféricas (no extremo pode obrigar a amputação).
A importância da literacia em saúde na gestão da diabetes
Por Dulce do Ó, sócia da SPLS
A literacia em saúde, ao nível individual, afeta a capacidade de aceder, compreender e utilizar a informação sobre saúde, de navegar no sistema de saúde, de lidar com os aspetos relacionados com a prevenção, a promoção da saúde e o tratamento de doenças.
Para tomar decisões informadas, as pessoas precisam de ter literacia suficiente para pesar os prós e contras das decisões que pretendem tomar, para além de considerarem as suas prioridades, crenças e valores.
Perante uma situação de doença crónica, como a diabetes, que requer competências pessoais para a autogestão diária e a capacidade para tomar decisões, a literacia em saúde assume um papel fundamental. No seu quotidiano as pessoas com diabetes necessitam de deter a informação necessária, de se sentirem competentes e autónomas para realizarem os cuidados necessários à autogestão da sua doença.
Desta forma, será importante garantir que a informação sobre saúde, que as pessoas acedem, tem a clareza e qualidade necessária. Apesar de os profissionais de saúde terem um importante papel na transmissão de informação de saúde, também é da responsabilidade da sociedade em geral mover ações para que a “má informação” seja identificada e eliminada.
Estando amplamente reconhecida a importância da qualidade do relacionamento entre os profissionais de saúde e as pessoas com diabetes, considera-se essencial o estabelecimento de uma abordagem colaborativa, tendo em consideração as suas perspetivas, escolhas e necessidades, partilhando o poder e encorajando-os a decidir sobre as questões de saúde e tratamento. Simultaneamente, envolver a pessoa nas decisões contribui para garantir que percebeu o que lhe foi dito e que consegue decidir o que poderá ser melhor para si. Este tipo de relacionamento contribui para que as pessoas se sintam mais acompanhadas e integradas nas equipes de saúde e que tenham maior facilidade em navegar nos serviços de saúde.
Assim sendo, não nos poderemos esquecer que todos temos um papel importante na promoção da literacia em saúde, devendo a responsabilidade ser partilhada pelos vários atores, sendo fundamental, que além dos serviços de saúde, é necessário o envolvimento da comunidade e das estruturas local de forma a permitir respostas adequadas às necessidades da comunidade e famílias.