Dia Internacional Sensibilização sobre Overdoses
Por José Mendes Nunes, sócio da SPLS
A observância do Dia Internacional para a Sensibilização sobre Overdoses teve o seu início no ano de 2001 na Austrália. Desde então, muitas têm sido as iniciativas para mitigar este flagelo. Em Portugal, no mesmo ano, foi criado o Grupo de Ativistas em Tratamentos (GAT) que muito se tem empenhado nesta luta.
Entende-se por overdose (ou dose tóxica ou sobredosagem) a ingestão de uma substância ou combinação de substâncias acima de níveis tóxicos para o organismo. Dentro deste conceito inclui-se a ingestão de álcool, drogas ilícitas ou mesmo substâncias de prescrição médica. Os sintomas físicos, psicológicos e comportamentais são muito variados e dependem da substância ou substâncias ingeridas.
O principal objetivo desta observância é combater a overdose, não estigmatizar os que faleceram por este motivo e sermos compassivos com o sofrimento das famílias e amigos destas vítimas.
O lema para este ano, “Juntos Podemos” (TogetherWe Can), é de força e esperança. Este problema de saúde pública pode ser combatido com sucesso desde que todos estejam mais empenhados no objetivo de salvar de mortes por overdose que na culpabilização e penalização dos consumidores. Não são mortes provocadas pela natureza, mas antes pela decisão do homem que, por sua vez, são consequência de determinantes sociais.
A par de um enorme manancial de drogas, atualmente o fentanil é uma das drogas ilícitas que tem invadido os mercados americano e europeu e cuja mortalidade é alarmante sendo 100 vezes mais forte que a heroína: basta um comprimido para ser letal! Pela sua relevância a DrugEnforcementAdministration dos EUA, declarou o dia 7 de Maio como o “Dia Nacional da Sensibilização da Fentanil”.
Segundo o Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e Dependências (SICAD), no seu relatório de 2022, dos 436 óbitos, declarados em 2021, por consumo de substâncias ilícitas e com informação de causa de morte, 69 foram por overdose.
O GAT propõe como estratégias para combater os efeitos do consumo de drogas:
- Descriminalizar o consumo e posse de drogas para uso pessoal;
- Implementar políticas de redução de danos;
- Alargar o acesso à naloxona;
- Alargar o acesso a todas as formas de tratamento, nomeadamente de substituição;
- Generalizar os dispositivos de consumo seguro e monitorizar as substâncias em uso.
A propósito da naloxona, louvo o trabalho do Laboratório Militar na produção de fármacos fundamentais para o tratamento de doenças órfãs e de outras substâncias, entre as quais consta a naloxona, tão importante para esta luta. A atividade do Laboratório Militar é um exemplo de como o dinheiro (que tantas vezes choramos) dos nossos impostos é vital para o bem estar e segurança da população e sublinha a importância das Forças Armadas que muitas vezes desvalorizamos. Tal como o sol, só lhes damos valor quando elas (as Forças Armadas) nos faltam.