Dia Internacional da Pessoa Idosa
Por José Mendes Nunes, sócio da SPLS
A 14 de dezembro de 1990 a Assembleia das Nações Unidas votou a consagração de 1 de outubro de cada ano como Dia Internacional dos Idosos, de acordo com a resolução 41/106. No ano seguinte foi celebrado pela primeira vez. O objetivo desta efeméride é sensibilizar a sociedade para as questões do envelhecimento e necessidade de proteger a população idosa.
Em Portugal, em 1981 havia 45 pessoas com mais de 64 anos por cada 100 jovens com menos de 15 anos, mas em 2022 já eram 185,6. Uma pessoa do género masculino nascida em 2023 tem a expectativa de viver 81,2 anos e se for do género feminino é de esperar que viva 83,7 anos. Mas os que conseguiram chegar aos 65 anos em 2023 ainda têm uma esperança de vida de mais 18,0 anos, se forem homens, e de mais 21,1 anos se forem mulheres (INE, 2018). A nível mundial prevê-se qua a população com mais de 65 anos aumentará de 761 milhões, em 2021, para 1,6 biliões em 2050 e para as pessoas com mais de 80 anos o aumento ainda será mais significativo.
De todas as terapêuticas para preservar a saúde das pessoas o exercício/atividade física é o mais natural, higiénico e económico. Numa época em que reina a facilidade, não é fácil vencer as resistências contra a prática regular de exercício físico geradas pelo idoso, pelo seu ambiente familiar e até pelos próprios profissionais de saúde. O mais difícil é inculcar no idoso o gosto pelo esforço físico e sentido de autoeficácia, i.e., sentir que é possível e é capaz de manter o seu corpo em perfeito estado de conservação, até que a morte o separe dele (corpo).
Outro dos aspetos fundamentais para a saúde de todas as pessoas, mas muito em particular as idosas, é o combate ao isolamento social. Não está em causa a pessoa que deseja estar só (solitude) mas os casos em que a pessoa está só sem esse ser o seu desejo (solidão). A prática regular de exercício físico, sobretudo se for em grupo, é uma boa forma de combater o isolamento social. É dois em um!
Infelizmente as pessoas que mais consomem medicamentos são os idosos, os pobres, os desempregados e os que vivem sós. Estamos a “tratar” a idade, a pobreza, o desemprego e a solidão com medicamentos.
Investir no envelhecimento saudável tem elevado retorno social e financeiro ao reduzir custos e aumentar o número de anos vividos com qualidade. Os sistemas de saúde devem-se desenvolver e estruturar de modo a prestar cuidados centrados no idoso, respondendo às suas necessidades, de forma contínua. Um envelhecimento saudável depende muito da sociedade, que deve criar condições para que o idoso possa continuar a atualizar-se e exprimir todo o seu potencial, fazendo o que quer e pode fazer. A comunidade deve assumir que está nas suas mãos deixar de ver os idosos como um fardo, caso contrário essa acabará por ser uma profecia autorrealizada. Não é a idade que faz a pessoa velha: o que a faz velha são as suas circunstâncias de vida e o contexto em que as viveu e vive.