Dia Mundial das Alergias
Por José Mendes Nunes, sócio da SPLS
Antes de vos falar sobre o Dia Mundial das Alergias, começo por uma autorrevelação.
Ontem foi o Dia Mundial do Chocolate e confesso que, hoje, quando li a lista das celebrações fiquei muito contente porque li…Dia Mundial da Alegria! Que grande desilusão quando percebi que me tinha enganado e, afinal, é o Dia Mundial da Alergia!
Que mau gosto!
Para mim seria muito mais lógico que depois do chocolate viesse a alegria, mas há uns que só pensam na doença, logo colocaram, depois do chocolate, a alergia, é mesmo de muito mau gosto. São uns desmancha prazeres, uns sadomasoquistas.
Contudo, falemos do Dia Mundial da Alergia. Ele foi proposto pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Organização Mundial das Alergias (World Allergy Organization – WOA) para que as pessoas reconheçam a importância das alergias e investam no seu tratamento e prevenção. Ao longo do ano existem outras celebrações que procuram colocar as alergias na agenda dos média: dia 16 de outubro é o Dia Mundial da Consciencialização da Alergia, de 12 a 18 de maio ocorreu a Semana de Consciencialização sobre Alergias Alimentares, de 23 a 29 de junho ocorrerá a Semana Mundial das Alergias e, finalmente, o Congresso Mundial das Alergias (World Allergy Congress – WAC 2024) decorrerá de 27 a 29 de setembro no Estoril.
A alergia é uma resposta exagerada do sistema imunitário a estímulos externos que são tolerados pela generalidade das pessoas. O termo “alergia” foi usado pela primeira vez pelo pediatra Vienense Clemens Von Pirquet, em 1906 na sequência das suas investigações em infeciologia e imunologia. Curiosamente Pirquet já na altura antecipou que a reatividade do sistema imunológico não depende apenas das características das moléculas do agente externo (os alergénios) mas também de fatores endógenos próprios do organismo. Nas últimas décadas a frequência das alergias aumentou exponencial devidos a múltiplos fatores atribuídos às mudanças ambientais e estilos de vida.
Com este dia pretende-se que as pessoas com alergia não se automediquem inconscientemente e procurem um diagnóstico demonstrado por testes. Cada pessoa com alergia deve procurar tratamento e conhecimento que a capacite a ser autónoma no controlo das suas alergias, sem necessitar de recorrer aos serviços de saúde sempre que tiver crises. Os testes são escolhidos com base numa história clínica exaustiva que permita colocar hipóteses de alergénios que os testes procuram confirmar. Segundo a Sociedade Portuguesa de Alergologia e de Imunologia Clínica (SPAIC) cerca de um em cada três portugueses sofrem com alergias que se manifestam nas mais diversas formas: asma, rinites, sinusites, dermatites atópicas, urticárias, etc. Algumas das manifestações podem ser altamente mortais como é o edema da glote ou a reação anafilática. Pela sua gravidade o angioedema hereditário tem o seu próprio dia mundial (16 de maio) para o lembrar e fazer jus aos seus portadores cuja qualidade de vida é muito perturbada por esta constante espada de Dâmocles.
Por Soraya Coelho Gonçalves Machado, sócia da SPLS
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a World Allergy Organization (WAO), assinalam no dia 8 de julho, o Dia Mundial da Alergia, com o objetivo principal de alertar e sensibilizar a população sobre este problema de saúde pública. As alergias podem ser diversos tipos, podendo se manifestar em todos os sistemas do nosso organismo como uma resposta imunológica exagerada a uma substância estranha. Para que a alergia se desenvolva, o indivíduo deve entrar em contato, pela primeira vez, com a substância causadora. Na pessoa alérgica, as células de defesa produzem uma grande quantidade de histamina. Nos casos de uma reação alérgica grave, chamada de anafilaxia, a dificuldade de respirar causa a perda de consciência e pode até levar à morte. As pessoas que apresentam doenças alérgicas são mais suscetíveis geneticamente a essa reação de hipersensibilidade. Algumas se tornam até fatores de risco para outras complicações, como foi o caso das alergias respiratórias durante a pandemia do coronavírus.
De acordo com dados da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC), cerca de um terço da população de Portugal, sofre de algum tipo de alergia (o seu site disponibiliza uma vasta quantidade de folhetos para os utentes https://www.spaic.pt/publicacoes-folhetos?id=37). Destaca-se que em Portugal as mais comuns são as relacionadas com pólen, pêlos de animais, ácaros, fungos. O objetivo desta ação da SPAIC, é colaborar para a literacia da população sobre este problema.
As alergias manifestam-se de diversas formas e podemos citar as mais comuns: alergias respiratórias (asma e rinite), alergias da pele (Dermatite atópica, Dermatite de contato, urticária), alergias oculares (em geral associadas a rinite, asma e dermatites), alergias alimentares (soja, trigo, ovo, amendoim, peixes, mariscos e à lactose, que na realidade são consideradas intolerâncias), alergias medicamentosas, alergias a picadas de insetos (abelhas, pulgas) e alergias relacionadas com outros fatores (latex, que está presente em diversos produtos). Cada uma destas apresenta sinais e sintomas específicos e que devem ser valorizados e de imediato, devendo o utente recorrer aos serviços de saúde, na mitigação dos riscos associados.
Não podemos esquecer de referir que Portugal está muito próximo à região norte do Continente Africano e periodicamente sofre as consequências provenientes da poluição do ar por partículas inaláveis (PM10). A dispersão da poeira do deserto, resulta de uma massa de ar proveniente dos desertos do norte de África, que transporta poeiras em suspensão, para Portugal (continental e ilhas). Nestas épocas são emitidos alertas da Direção Geral de Saúde, com recomendações à população mais vulnerável (crianças, idosos ou pessoas com problemas respiratórios crónicos e foro vascular) que evitem estar a realizar atividades ao ar livre.
As alergias podem surgir em qualquer etapa da vida e provocar diferentes reações. Para prevenir complicações, é muito importante que, diante de qualquer manifestação, procure um especialista.
Por Vânia Costa, nutricionista e Vice-Presidente da SPLS, e Maria Leonor Pereira, nutricionista estagiária
O Dia Mundial das Alergias é uma iniciativa celebrada a 8 de julho e criada pela colaboração da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Mundial das Alergias.
Esta comemoração Iniciou-se com o objetivo de alertar para a prevenção e tratamento das alergias, doença que se distingue pela resposta excessiva a uma determinada substância que, normalmente, seria tolerada.
As alergias alimentares são reações prejudiciais do sistema imunitário ao reconhecer erradamente um alimento ou parte dele (alergénio), como uma substância agressora[1,2]. Alergias e intolerâncias alimentares são reações diferentes, uma vez que as intolerâncias não envolvem a participação do sistema imunitário [1].
As alergias alimentares mais comuns são: ao leite de vaca, ovo, amendoim, aos frutos de casca rija (frutos secos), peixe, marisco (moluscos e crustáceos), trigo, soja, sésamo, aipo, mostarda, tremoço, dióxido de enxofre e sulfitos [3].
É estimado que as alergias alimentares estejam em crescimento afetando atualmente cerca de 2-4% da população mundial ou seja, 1 em cada 10 adultos e 1 em cada 12 crianças [4].
As alergias alimentares podem desencadear sintomas e manifestações que podem ser moderadas a graves, como [1,5]:
– alterações na pele (erupções cutâneas, eczema, urticária, edema da glote e língua, sensação de formigueiro),
– no sistema gastrointestinal (vómito, dores abdominais e diarreia),
– dificuldades respiratórias,
– diminuição da pressão arterial e perda de consciência.
A situação mais grave, que pode ser fatal, tem o nome de anafilaxia.
A única maneira de tratar uma alergia alimentar é a eliminação completa do alergénio – Alimento – que a provoca e de todos os produtos que o contenham. Produtos alimentares que possam estar sujeitos a contaminação com alergénios também devem ser retirados da alimentação [1,2,5].
O que fazer em caso de diagnóstico de alergia alimentar? [1,2,5]
- Conhecer e excluir todos os alimentos, preparações e ingredientes com o alergénio ou que eventualmente possam ser contaminados com o mesmo;
- Além do médico que faz o diagnóstico pode procurar apoio de um nutricionista para aprender a gerir a sua alimentação;
- Aprender a interpretar os rótulos alimentares;
- A preparação, confeção e manuseamento dos alimentos devem ser feitos de forma a não ocorrer contaminação com o alergénio.
[1] Cunha P, Dge S-G, Rui, Lima M, Graça P, Nacional De Promoção P, et al. Ficha Técnica Editores Coordenadores de Edição Autores Design Gráfico Dados Ministério da Educação e Ciência-Direção-Geral da Educação n.d.
[2] Muraro A, de Silva D, Halken S, Worm M, Khaleva E, Arasi S, et al. Gerir a alergia alimentar: guideline GA2LEN 2022. World Allergy Organ J 2022; 15:100687. https://doi.org/10.1016/J.WAOJOU.2022.100687.
[3] Como apresentar as substâncias/produtos que provocam alergias ou intolerâncias num rótulo? sd. https://www.asae.gov.pt/?cn=739975547563AAAAAAAAAAAA&ur=1&newsletter=5132 (consultado em 2 de julho de 2024).
[4] Tanno LK, Demoly P. Alergia alimentar na Classificação Internacional de Doenças (CID) da Organização Mundial de Saúde –11. Allergy and Pediatric Immunology 2022;33. https://doi.org/10.1111/PAI.13882.
[5] Manual de Alergia Alimentar para a Restauração n.d. https://www.asae.gov.pt/perguntas-frequentes1/outra-informacao/manual-de-alergia-alimentar-para-a-restauracao.aspx (consultado em 2 de julho de 2024).