Dia Mundial da Consciencialização do Autismo 

Data Evento

2 de Abril, 2024    
Todo o dia

Dia Mundial da Consciencialização do Autismo 

Por José Mendes Nunes, sócio da SPLS

A 18 de dezembro de 2007, a Organização das Nações Unidas estipulou a celebração do Dia Mundial da Consciencialização do Autismo para 2 de abril de cada ano, com o fim de esclarecer a opinião pública sobre esta perturbação neurobiológica, combater o estigma e angariar fundos para a investigação e prestação de cuidados às pessoas com autismo.

Incentivando este desiderato, algumas cidades iluminam de azul os seus monumentos e as pessoas vestem-se com uma peça de roupa azul.

Calcula-se que no mundo existam mais de 67 milhões de pessoas afetadas pelo autismo, sendo, em alguns países, mais frequente que a diabetes ou o cancro.

Hoje, apela-se à união de esforços para alcançar os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) ou SGD (Sustainable Development Goals) em defesa das pessoas com autismo. O lema escolhido para este ano pela OMS é: “Transformação: Rumo a um Mundo Neuro-inclusivo para Todos” (Transfomation: Toward a Neuro-inclusive World for All). Dentro dos ODS destacam-se os que tem maior impacto para os autistas:

ODS 3, Boa Saúde e Bem-estar. Defende-se a mobilização de todos os esforços para que os serviços de saúde valorizem a integração e o tratamento específico do autismo;

ODS 4, Educação de Qualidade. Todas as crianças, incluindo as que tem autismo, devem ter acesso a educação de qualidade, inclusiva e equitativa;

ODS 8, Trabalho Decente e Crescimento Económico. À semelhança da educação também o acesso ao trabalho deve ser inclusivo, gerando oportunidades de acomodação no mercado de trabalho;

ODS 10, Redução das Desigualdades. Combater todas as formas de desigualdade e discriminação cujas maiores vítimas são as pessoas vulneráveis, em que se incluem os portadores de autismo.

De forma muito simples, o autismo é uma condição de desenvolvimento que afeta a comunicação, a interação social e a forma como se vive (ou experiencia) o mundo. É uma condição para a vida, mas que pode ser muito mitigada com o diagnóstico precoce. Trata-se de um exemplo de neurodiversidade, isto é, não é uma normalidade, mas antes o resultado da nossa diversidade e, porque as formas de apresentação são muito variadas, fala-se de espectro do autismo.

O diagnóstico precoce é fulcral para o desenvolvimento da criança com autismo pelo que se apela à atenção das famílias e aos cuidados primários de saúde para estarem atentos aos primeiros sinais, como: não responder pelo nome, evitar o contacto visual, ter dificuldade nas relações (com crianças e adultos), comportamentos e rituais repetitivos.

A confirmação do diagnóstico deve depender da Pediatria ou da Neuropediatria.

Em Portugal, calculava-se, em 2000, que uma em cada mil crianças em idade escolar era autista (Oliveira 2005), mas os números tem vindo a aumentar e, em 2017, já se calculava que fossem cinco em cada mil (Célia Rasga e outros).

Eis algumas estratégias para comunicar efetivamente com as crianças com autismo:

  • Usar linguagem simples e concreta. Elas são muito literais na interpretação das mensagens;
  • Dar tempo para preparem as suas respostas e não as sugerir ou colocá–las “na sua boca”;
  • Reconhecer que o seu estilo comunicacional é diferente. Podem aparentar desatenção, mas estão a ouvir ou sentem-se desconfortáveis com o contacto visual persistente;
  • Porque são hipersensíveis, manter sempre um tom de voz moderado e sem gritos;
  • Tratar pelo nome, sem infantilizar. Isto ajuda-as a entenderem que é com elas que está a falar.

Para quem quiser ter conhecimento mais estruturado e aprofundado sobre o autismo, aconselho o magnifico trabalho de informação elaborado no Departamento de Promoção da Saúde e Prevenção de Doenças Não Transmissíveis, Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, da autoria de Astrid Moura Vicente, Inês Conceição, Natércia Miranda, Mafalda Bourbon e Célia Rasga. Este é um texto de divulgação dirigido ao público interessado no autismo, escrito de forma clara, graficamente atraente e de leitura agradável.

Em Portugal, a Federação Portuguesa de Autismo (FPDA) procura congregar os esforços em defesa dos direitos das pessoas com autismo.

A lembrar o Dia Mundial da Consciencialização do Autismo e gerar a discussão, hoje, vista uma peça de roupa azul.