Dia Mundial da Asma
Por José Mendes Nunes, sócio da SPLS
A Global Initiative for Asthma (GINA) é uma organização fundada em 1993, colaboradora com a Organização Mundial da Saúde, com o objetivo de prevenir e tratar a asma de modo e reduzir a sua prevalência, morbilidade e mortalidade. A GINA procura cumprir aquele desiderato com a elaboração e publicação de recomendações para o cuidado adequado da asma e procura que sejam adaptadas localmente, através da mobilização de recursos, serviços e condições.
O Dia Mundial da Asma observa-se, desde 1998, é uma iniciativa da GINA e acontece na primeira terça-feira de maio. Maio, por ser o mês mais representativo da primavera (no hemisfério norte) e do outono (no hemisfério sul) em que os sintomas da asma tendem a agravar-se pela maior existência de alergénios no ambiente.
A asma é uma doença crónica do foro respiratório, mais frequentemente devida a inflamação das vias aéreas respiratórias, que se traduz por redução do calibre brônquico, inchaço das mucosas e produção de muco e, por consequência, dificuldade respiratória. A doença pode causar menor ou maior impacto na atividade física e em situações extremas levar à morte. A morte por asma deve ser vista como evitável, pelo que, quando ela ocorre, deve ser interpretada como falha na prestação de cuidados, considerando as armas terapêuticas de que hoje dispomos. Perdoem-me o desabafo: comecei a minha atividade como médico no princípio dos anos 80 do século passado e a mudança na terapêutica da asma, talvez seja dos maiores avanços médicos que testemunhei. Eles representam um dos maiores sucessos da medicina que mudaram a minha maneira de ver tratar a asma, desde a aflição de ver doentes em morte iminente e encharca-los com corticoides sistémicos para lhes aliviar o sofrimento e salvar a vida, até aos dias de hoje em que os trato com a maior tranquilidade e confiança, sem eles (doentes) imaginarem o que sofreriam se fosse há 30 anos…
O tema da GINA escolhido para este ano é: “Informar sobre a Asma Empodera” (Asthma Education Empowers), pretendendo apelar ao investimento na capacitação das pessoas para cuidaram da sua asma. Note-se, mais que capacitar é empoderar, ou seja, para além de procurar que os doentes adquiriram habilidades para gerir a sua asma é fundamental também lhes dar poder para exercerem as suas capacidades. De forma resumida, procura-se que todos sejam adequadamente diagnosticados (identificar os asmáticos sem falsos diagnósticos), reduzir o excessivo uso e dependência de broncodilatadores de curta duração e usem regular e adequadamente os corticoides de ação local (inalados). Um dos maiores problemas no controlo da asma a nível mundial é, precisamente, o iniquo acesso à terapêutica com corticoides inalados
Calcula-se que a asma afete mais de 260 milhões de pessoas e seja responsável pela morte de 450.000 pessoas por ano que, para nossa vergonha, a maioria eram evitáveis com o acesso adequado ao tratamento.