A visão sobre literacia em saúde do Dr. Ricardo Miguel Farinha Lopes

Data Evento

19 de Abril, 2025    
Todo o dia

A visão sobre literacia em saúde do Dr. Ricardo Miguel Farinha Lopes

A literacia em saúde constitui-se hoje como um dos pilares fundamentais da promoção da saúde individual, organizacional e comunitária. Mais do que a mera capacidade de aceder a informação em saúde, representa a competência crítica de interpretar, aplicar e comunicar conhecimentos que sustentam decisões conscientes e responsáveis sobre o bem-estar próprio e dos outros.

A minha experiência profissional como enfermeiro, formador e investigador tem demonstrado que a literacia em saúde é determinante não apenas para a qualidade dos cuidados prestados, mas também para a capacitação dos profissionais na sua prática quotidiana. No âmbito do meu doutoramento em Educação para a Saúde, procuro compreender como a literacia em saúde se relaciona com o burnout e com os comportamentos do movimento — nomeadamente a prática de atividade física, o comportamento sedentário e o sono — entre os enfermeiros portugueses.

Este trabalho parte do reconhecimento de que estes três domínios — literacia, bem-estar ocupacional e estilos de vida — podem estar interligados. Importante perceber esta relação e perceber em que medida a literacia em saúde pode influenciar, direta ou indirectamente, a forma como os profissionais se posicionam face à sua própria saúde e à gestão do stress profissional.

Kristine Sørensen descreve a literacia em saúde como um “arco-íris” — uma metáfora que revela a sua natureza transversal, multicolorida e transformadora. Com efeito, a literacia em saúde atravessa diferentes esferas da vida: física, emocional, relacional, digital e ética. Torna-se, assim, uma competência essencial tanto para os cidadãos como para os profissionais de saúde, que assumem um papel central na sua promoção.

Investir na literacia em saúde é um caminho promissor para o fortalecimento da qualidade dos cuidados, da comunicação clínica e da capacidade dos profissionais se protegerem em contextos exigentes. Num sistema de saúde em constante mutação, esta competência assume-se como uma estratégia para promover ambientes mais humanos, sustentáveis e centrados nas pessoas.