Literacia em Saúde e o Estado da Nação

A dia 20 de janeiro de 2022 nasce a nossa “Sociedade Portuguesa de Literacia em Saúde”, um esforço coletivo para criar uma sociedade científica dotada de personalidade jurídica sem fins lucrativos, de caráter educativo e formativo. Felizmente, passados dois anos,  prosseguimos juntos neste caminho, com os mesmos objetivos científicos, formativos, técnicos, organizativos, éticos e humanos pela promoção, desenvolvimento e aperfeiçoamento da prática da Literacia em Saúde.

O nível de literacia em saúde melhora através da prestação de informações, de uma comunicação eficaz e de uma educação estruturada. A comunicação em saúde permite a transmissão de mensagens verbais e não-verbais com vista à sua compreensão pelos envolvidos e a uma consequente ação promotora de saúde. O Modelo ACP (Assertividade, Clareza e Positividade) tem como objetivo desenvolver competências de comunicação, o que inclui o uso interdependente da assertividade, da clareza de linguagem e da positividade, na prática.

 As melhorias na literacia em saúde podem ser avaliadas pela medição de mudança nos conhecimentos e nas competências que, após consolidados e adquiridas, permitem tomadas de decisão bem informada e autónomas sobre saúde. Pode ser considerada como um resultado mensurável da educação para a saúde ou da educação para os doentes. 

Assim, para os decisores políticos, a literacia em saúde é um conceito atrativo e moldável para ser utilizado em diferentes situações políticas – nem que seja pelo desejo de um maior envolvimento da população na tomada de decisões em saúde, pela sua proteção e qualidade na prestação de cuidados de saúde para todos.

Nos últimos anos, os défices no nível de literacia em saúde da população e do indivíduo têm merecido uma atenção crescente por parte do sector político. Para dar resposta a este problema, vários governos adotaram planos de ação nacionais que definem estratégias para melhorar a literacia em saúde.

Estes planos de ação nacionais mostram que a literacia em saúde é um conceito que oferece oportunidades para debater uma variedade de questões políticas em saúde. Utilizados com sucesso, devem moldar discussões sobre as reformas dos sistemas de saúde, a capacitação dos pacientes e a tomada de decisões compartilhadas em saúde. Ao ser aplicada de forma estratégica, a literacia em saúde poderá ajudar na resolução de alguns dos principais problemas de saúde pública, bem como no desenvolvimento de estratégias de saúde na prática.

As políticas centradas na melhoria da eficácia dos serviços de saúde têm um forte impacto político, pela melhoria da qualidade e da segurança da prestação dos cuidados de saúde ao cidadão, com melhores resultados para a população. Sem um empenho claro, substancial e prático no desenvolvimento da literacia em saúde da população, há um défice na maioria das políticas.

Quando falamos em “Estado da Nação” falamos sobre um balanço anual feito entre diversas áreas da governação do nosso país – economia, justiça, educação, saúde, etc. Por exemplo, neste ano 2023, verificamos um capítulo específico sobre o modo como Portugal ultrapassou as crises causadas pela pandemia COVID-19 e pela invasão da Ucrânia. 

A crise causada pela COVID-19 permite refletir sobre diversos assuntos, nomeadamente, na capacidade de resiliência existente nos profissionais de saúde para continuar a cuidar da nossa nação. Por outro lado, conseguimos perceber que qualquer país em guerra não favorece o estado de saúde, bem-estar e qualidade de vida da sua população. O cidadão fica sem chão, sem tecto, sem apoio. Sobretudo em situações de crise, a literacia em saúde tem como prioridade trabalhar pelo acesso, compreensão e utilização da informação e dos recursos em saúde, numa resposta rápida, precisa e de esforço coletivo.

E quanto ao balanço sobre a Literacia em Saúde a nível nacional? Será mais positivo que negativo? Espero que sim. Na verdade, a missão da SPLS passa por fazer com que este balanço seja sempre positivo. Juntos pela concretização de ações de Literacia em Saúde na Prática para enfrentar os desafios de saúde de hoje e de amanhã, um esforço necessário para que se possa singrar e progredir na escala do desenvolvimento humano.

Grata por fazer parte deste grupo magnífico que tenta, a cada dia, melhorar os níveis de literacia da saúde da população. Parabéns a todos nós!

Referências Bibliográficas

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Belim, C., & Almeida, C. V. (2017). Healthy thanks to communication: A model of communication competences to optimize health literacy: Assertiveness, clear language, and positivity. In V. Papalois & M. Theodosopoulous (Eds.), Optimizing health literacy for improved clinical practices (pp. 124-152). Hershey, PA: IGI Global. doi:10.4018/978-1-5225-4074-8.ch008

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